Dois anos antes do diagnóstico, algumas situações incomuns aconteceram. Primeiro ele quase não falava. Mais ouvia, raramente emitia sua opinião. Vez ou outra queixava-se de "esquecimento", mas achava que era a idade que avançava. Estava co m setenta e cinco anos. Realmente essas falhas acontecia com mais frequencia. Um dia ele amanheceu com dores abdominais, depois diarreia ao que o médico diagnosticou como uma virose. Tomava os medicamento, mas nada adiantava, ao contrário, só piorava, não tomava os remédios nem a água tão necessária naquele momento. Emagreceu muito e enfraqueceu também. Foram incontáveis idas e vindas a Pronto Socorro e hospitais. Numa das vezes em que ele passou muito mal com essas dores e diarreia forte, minha mãe me ligou e pediu que fosse até lá. Fui e o encontrei sentado na beirada da cama, triste. Pedi a benção, como faço desde criança e perguntei o que realmente estava acontecendo, o que o deixara assim tão triste. Entre algumas reclamações que fez, ele me disse sobre a dificuldade de estar juntos às pessoas, pois quase sempre ele não compreendia a conversa e isso o deixava muito mal. Voltamos com ele ao médico e apesar da internação, voltou par acasa e piorou. Era domingo bem pela manhã e recebemos o telefonema de meu irmão caçula, chorando e dizendo que o pai dissera que chegara ao fim, não queria ir ao médico, pois sabia que a morte aproximava. Pedi que trouxesse ao Hospital das Clínicas e que encontraria com eles lá. Enquanto ele passava pelo tendimento, acompanhado de minha mãe, eu e meu irmão caçula (pastor) fomos para um canteiro e conversamos sobre nosso pai. Oramos e pedimos a direção de Deus. Choramos. Ao meio dia, teve alta. Providenciamos os remédios e fui com ele para casa. Com muito carinho, nós os filhos conversamos com e pedimos que tomasse a medicação prescrita. Dessa vez ele atendeu e sarou.
Era uma tarde quente de domingo. Como de costume, estávamos todos reunidos na cozinha da casa de meu pai. Uma mesa farta. É assim todo domingo. Depois das três da tarde começam a chegar os filhos, noras , netos e bisnetos para o café da tarde. Nunca faltam aquele bolo, de massa branca como diz minha mãe, e o pão que ela ama fazer e o cafezinho fresquinho, delicioso ao som de conversar e boas risadas. oi aí que de repente vi meu pai levar a mão à boca toda torta, em seguida tentar levantar-se, mas sua mão esquerda não atendia aos movimentos solicitados. Foi aí que pedi até que com calma para minha irmã ao lado ajudá-lo e em seguida pedi ao meu marido que corresse para um hospital. Na minha ignorância, meu pai estava tendo um AVC.
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