sábado, 13 de outubro de 2012

Alzheimer - A sombra

A doença avança, já não mais tão lentamente, começa a alargar os passos. Meus pais moram numa  casa simples, mas grande e aconchegante. O terreno tem leve inclinação para frente. Nos fundos há mais duas casinhas, hoje alugadas. A garagem fica no fundo, próxima à cozinha. Fim de inverno e início de primavera, o Sol desce e se põe à direita de quem entra, quer dizer mais para o Norte. Depois das três e meia da tarde começa a levantar a sombra das casinhas e da garagem do fundos batendo no muro que é, na verdade, um paredão, e naturalmente ficando mais escura aquela parte da casa que é onde mais ficamos, pois é fresquinho. Mas basta esse paredão sombrear e meu pai começa a querer ficar mais dentro de casa, pede para tomar banho. Para ele é o entardecer, anoitecer e ele tem muito medo do escuro, da noite.