sexta-feira, 23 de março de 2012

Alzheimer - mudanças

Com a doença muita coisa precisou ser mudada no cotidiano da família, mais precisamente na casa dos meus pais. Além de pensar em mais cuidador para ajudar minha mãe os cômodos da casa também foram alvos de observações. Começamos com o banheiro. O piso foi trocado por um antideslizante, barras de segurança para o chuveiro e vaso sanitário, torneira temporizada, pois ele esquecia a torneira aberta, sempre. Outros cuidados como as roupas (sujas) merecem atenções, pois não pode deixá-las dentro do banheiro e até mesmo no cesto que ele as veste.

Alzheimer - Acompanhamento médico

Há quase um ano que levamos meu pai pela primeira vez para se consultar com a Dra. Mõnica. Foi ela quem pediu os exames de angioressonância magnética e angioessonância cerebral. Foi ela quem diagnosticou a Doença de Alzheimer do meu pai. De lá para cá, as consultas tem sido mensais. Ele não reclama de ir às consultas. Hoje fomos a uma consulta. O consultório fica no edifício Comercial América do Sul, bem no centro de Campinas. Quando saímos do estacionamento, dirigi até à Rua Benjamim Constant e ele quis saber que era aquela. Eu respondi e ele disse: Então o Mercadão está perto. Afirmamos que sim e orientamos a olhar sempre para o lado direito que logo ele veria o Mercadão. Logo ele gritou: É aqui! E reconheceu o pontilhão, a igrejinha do Bairro Aparecidinha, a entrada para o Matão, bairro em que mora há mais de trinta anos. Estava feliz pois ouvira a médica dizer-lhe que estava bem. Ficou feliz por ela ter gostado do presente que levou para ela ( um pano de prato bordado com o desenho de um elefante, objeto da coleção dela no consultório). Estava simplesmente feliz!


quarta-feira, 21 de março de 2012

Alzheimer - A Fé

Meu pai ainda lê. Raramente pega a Bíblia que sempre foi sua fonte de inspiração e leitura prazerosa. Passou um período que não desgrudava do hinário. Lia, tentava até cantar. Vai à igreja normalmente. Ainda discute sobre assuntos bíblicos om o mesmo ardor. Neste domingo me emocionei na hora do almoço. Minha mãe pediu que agradecesse o alimento. Ele orou, um oração curta, objetiva, fervorosa e linda.

Alzheimer - Humor

Do portão ouvi o tom grave de voz do meu pai. Discutiu com minha mãe e agora contava para meu primo Adriano que mora nos fundos da casa a quem ele permite ainda que faça-lhe a barba. O motivo da conversa era sobre roupa. Chegaram da igreja e com o calor que anda fazendo por aqui, minha mãe deu-lhe uma camisa de manga curta. Ele não gostou e brigou: onde já se viu, um homem como eu ficar com os braços de fora, não respeitam mais como antigamente. Minha mãe então, propôs que vestisse a camisa de manga comprida, mas aí ele não quis mais, mas não encerrou o assunto e foi comentar com o Adriano e foi aí que chegamos. Entrei em casa assustada, pois do portão era possível ouvir-lhe a voz. Voz que eu em meus cinquenta e um anos de idade nunca ouvira mais alta. Interessante que o assunto sobre vestimentas continuou. Conversando com o Ozias, meu marido, ele relembrou de como eram as roupas de antigamente. Lembrou de como eram mais duráveis. Recordou também da moda, principalmente das calças masculinas e suas "bocas de sino" dos anos 70. Chegou até imitar meu irmão, o Adilson que usou muito dessas calças e como era o modo de andar de quem as usava. Riu muito com isso.